You are currently browsing the tag archive for the ‘Brasil’ tag.

Vinagre! (por C. Antonholi)

As manifestações inciadas na cidade de São Paulo em protesto ao aumento de R$0,20 (vinte centavos) nas passagens dos ônibus circulares se espalhou pelo Brasil e adquiriu um contexto de maior significado para a política nacional. O valor do transporte público é na verdade uma metáfora para as mais diversas insatisfações populares como a situação precária na saúde, educação, habitação, corrupção, enfim, da forma que os governantes conduzem o nosso país. Temos a falsa impressão de que só agora, como dizem os internautas nas redes sociais, “o gigante acordou”. Mas pode ser que já etava acordado há algum tempo e esperou apenas pelo momento oportuno para levantar.
E qual seria o momento oportuno?
Pois bem. Os primeiros movimentos para a Copa do Mundo que será realizada no Brasil em 2014 e com o início da Copa das Confederações que também ocorre no país neste momento pode ter sido interpretado como a melhor hora para ‘gritar’ contra tudo o que há de errado.
As manifestações são válidas e reconhecidas desta forma até pelos próprios governantes que, no seu papel de político, tentam o diálogo e aproveitam para dizer que irão efetuar manobras para que haja a esperada mudança. As manifestações mostram que o povo participa sim e está preocupado com o futuro e o desenvolvimento da nação.
Porém, estamos ainda há muitos passos de tornarmos protagonistas de uma mudança e almejarmos não só um futuro, mas um presente melhor. É tudo muito urgente, mas precisamos ainda aprender a protestar e este aprendizado deve acontecer de maneira bilateral.
No início dos protestos, os manifestantes agiram de forma pacífica e foram impedidos pela Polícia Militar (em São Paulo) de ocupar as ruas. Os policiais chegaram a lançar balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio contra eles. Apreenderam frascos de vinagre, e prenderam aqueles que portavam este líquido que serve apenas para amenizar o efeito do gás. Desnecessário.
O vinagre é um contaminante indesejável na fabricação de vinhos. Do francês, vinaigre, quer dizer vinho agre ou azedo.
As manifestações continuam pelo país e deve continuar para sempre. Porém, meio aos protestos ainda temos, infelizmente, outros tipos de vinagre. É também vinagre o policial que atinge um manifestante quando este protesta pacificamente, é vinagre também o manifestante que aproveita o protesto para vandalizar, é vinagre o partido político que infiltra uma manifestação apartidária para fazer campanha, é vinagre o que critica o movimento sem fundamentos, enfim, é vinagre todo aquele que vai na contramão de um movimento que visa o avanço da nação.

No mesmo dia que é descoberto o assassino (confesso) dos seis adolescentes que desapareceram desde Janeiro na cidade de Luziânia (GO) soltam o Arruda. O que uma coisa tem a ver com a outra? Explico: o assassino de Goiás já havia sido preso por pedofilia e foi solto dez anos antes de cumprir a pena e o Arruda que desviou no mínimo um milhão e meio de reais dos cofres públicos também já está em casa. Enquanto isso, um rapaz que foi preso há mais de dois anos por ter roubado uma peça de bacalhau porque passava fome, continua preso. Onde está a coerência de tudo isso? O que falta para uma mobilização em prol de mudanças nas leis deste país? A justiça acaba por ser injusta quando aproveita de verdadeiras lacunas da lei para prevalecer uns (de preferência aqueles que tem maior prestígio ou poder monetário) em  detrimento de outros.

 

Após os acontecimentos no Rio de Janeiro, muitas campanhas vêm à tona para reerguer (se é que há esta possibilidade) a vida daquelas pessoas que foram vítimas do acaso (ou descaso?). Isso é normal, até. Mas o que leva um artista a bradar sua indignação nas redes sociais, a aparecer na TV chorando porque também perdeu bens materiais (e as vidas perdidas?), a se mobilizar promovendo eventos em prol daquilo que já foi perdido? Se estas pessoas têm realmente a necessidade de ajudar, porque não o fazem antes de acontecer? Prevenção seria a melhor forma de evitar tragédias. Como? Cobrando os governos para que adotem políticas públicas de habitação enquanto o Sol ainda brilha. E as tragédias são repetidas ano a ano. Catarinenses e paulistanos sabem o que estou querendo dizer. Se os políticos recusam a fazer o que é sua obrigação, estas pessoas que querem fazer da tragédia sua vitrine, poderiam promover eventos para levantar verba e fazer o que o governo não faz antes que o pior aconteça em vez de ficar buscando incessantemente a autopromoção e a fortuna.

Claro que não podemos generalizar. Existem sim artistas e empresários que não vivem com os olhos voltados apenas para o seu umbigo. E não podemos dizer que só na categoria dos artistas e empresários que existem pessoas assim. É apenas um exemplo.

O povo que chora quando a tragédia acontece, também traz consigo o descaso: não vota direito (muitas vezes nem se lembra em quem votou na última eleição), não cobra do governo e têm hábitos irregulares como jogar lixo para fora do carro, querer levar vantagem em tudo (típico do brasileiro) ou abandonar o próximo quando este está em idade avançada (sem falar nos que espancam estas pessoas, jogam o filho no rio ou o abandona em qualquer canto da cidade).

Mas tudo isso é só um exemplo.

Fica a indignação.

Ele quase não fala, embora seja um líder nato. Comandou outros dez em campo e hoje comanda vinte e dois jogadores, fora o restante da equipe técnica. Dunga esteve lá em cima e cá embaixo. Foi criticado, foi ovacionado e foi ridicularizado, até. Mas deve ser respeitado por tudo o que fez pelo futebol. Tem, e é merecido, o respeito do Rei Pelé. Os ídolos de hoje no esporte aprenderam muito com ele. Um profissional taticamente perfeito, por isso foi um excelente capitão e é um técnico bola cheia também. Nenhuma seleção brasileira sem um Dunga passou sequer das oitavas de final. Coincidência? Talvez. Porém pouco provável. Não sei se tem alguma relação com a numerologia ou outra força qualquer, mas é fato. Duvidaram que ele levasse a atual seleção à Copa do Mundo de 2010. Levou. E a confirmação veio justamente em um Brasil X Argentina (na Argentina) com promessas de canibalismo por parte dos hermanos em cima dos visitantes. Dias atrás repetiam vídeos e matérias sobre a suposta ‘superioridade’ da Argentina sobre o Brasil. Dieguito rezou, catimbou, pressionou…Mas não deu certo. Os deuses do futebol são, definitivamente, brasileiros. É a terceira vitória da seleção de Dunga desde que assumiu a seleção em 2006. O triunfo é brasileiro. Não resta dúvidas. E Dunga, apesar de todas as críticas, é a chave principal deste sucesso. A intimidade do líder da seleção com a bola vem desde criança, nas brincadeiras de rua, até a estréia com a camisa verde e amarela em 1983 pela seleção de juniores acompanhado de Bebeto e Jorginho. Na ocasião, a seleção foi campeã do mundo no México. O objeto redondo, antes branco como o floco de neve  que hoje é apresentado em cores variadas, causa fascinação em qualquer criança no nosso país. Mas poucas chegam ao topo, tornam verdadeiros gênios da bola, como Pelé, Garrincha, Zico e ele…Dunga, meio a tantos outros que nos deixam agraciados e orgulhosos perante todo o resto do mundo.